sexta-feira, março 24, 2006

De Raul para Caetano para Lobão (.3 Parte)


Garoto Enxaqueca diz Concluindo:


Fazendo o exercício de se reciclar III, só faturando com as trilogias!! ( isso soa tão atual!!!):

O digerido do deglutido do comido e seus desdobramentos: De Raul para Caetano para Lobão para Garoto Enxaqueca!!

Este seria um duelo muito construtivo, talvez o mais interessante desde bravatas e sambas choros das guardas já extintas. Mas eis que surgiu o 11 de Setembro e o século 21 começou mais cedo...


E era assim, uma devolução, uma provocação num lampejo de criatividade desse sujeito. Eu e mais 5 compramos esse CD vendido na banca de revistas com um encarte enorme (estilo vinil) A vida é doce. Esta é a resposta do cara que fala sobre o Jabá e o transforma em sua plataforma- existência e que fala um pouquinho mais sério que as bandinhas absorventes do gotic shoppingdabarra engajadinho (mas não muito) e dos pops posers roqueiros de merda.

Para o Mano Caetano
(Lobão)

O que fazer do ouro-de-tolo
Quando um doce bardo brada à toda a brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?
boca cheia de dentes
De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita vampira, sem o menor aviso
A voz do morto que não presta depoimento
Perpetua seu silêncio de esquecimento
Na lápide pós-moderna do eterno desalento:
E é o Raul, é o Jackson, é o povo brasileiro
É o hip hop, a entropia, entropicália do pandeiro
Do passado e do futuro, sem presente nem dever
o puteiro que os canalhas
Não conseguem habitar, mas cafetinam
É a beleza do veludo
Que o sub-mundo tem pra dar, mas os canalhas subestimam
E regurgitando territórios-corrimões
De um rebolado agonizante
Resta o glamour fim-de-festa-ACM
Império do Medo carnavalizante
Será que a hora é esta?
A boca cheia de dentes vaticina:
Não pros mano, não pras mina
Sim pro meu umbigo, meu abrigo
Minhas tetas profanadas
Santo Amaro doce amaro, vacas purificadas
Amaro bárbaro, Dândi-dendê
Minhas narinas ao relento
Cumulando de bundões que, por anos acalento
Estes sim, um monte de zé-mané
Que sob minha égide se transformam em gênios
Sem quê nem porquê
Sobrancelho Victor Mature
Delineando barravento
Eu, americano? Não, baiano
Quem puder que me desnature
Soy lobo por ti Hollywood
Sob o sol de Copacabana

E eu, soy lobo-bolo? lobo-bolo,
Tipo, pra rimar com ouro-de-tolo?
Oh, Narciso, peixe ornamental!
Tease me, tease me outra vez
Ou em banto baiano
Ou em português de Portugal
Se quiser, até mesmo em americano
De Natal
Isso é língua!
Língua é festa!
Que um involuntário da fátria
Com certeza me empresta
Numa canção de exílio manifesta
Aquele banzo baiano,
Meu amado Caetano
Me ensinando a falar inglês
London, London
E verdades, que eu, Lobón contesto
Como empolgado aprendiz
Enviando essa aresta
A quem tanto me disse e diz:
Amado Caetano: Chega de verdade
Viva alguns enganos
Viva o samba, meio troncho,
Meio já cambaleando
A bossa já não é tão nova
Como pensam os americanos
A tropicália será sempre o nosso
Sargeant Peppers pós-baiano
O Roque errou, você sabe,
Digo isso sem engano
E eu sei que vou te amar, seja lá como for, portanto
Um beijo no seu lado super bacana
Uma borracha no dark side-macbeth-ACM, por enquanto
Ah! já ia me esquecendo! lembranças do ariano
Lupicínias saudações aqui do mano,
Esta bala perdida que te fala, rapá!
Te amo, te amo!

De Raul para Caetano para Lobão (.2 Parte)


Garoto Enxaqueca diz:

fazendo o exercício de se reciclar II- a Missão ( isso soa tão anos 80):

O digerido do deglutido do comido e seus desdobramentos: De Raul para Caetano para Lobão para Garoto Enxaqueca!!


E então Caetano faz a musica Rock'n'Raul do CD-Noites do Norte

E isso foi nos idos de 2001...Ainda não acordei deste longo sono. 2001 a 2006. Carai.





Vai a letra:

Quando eu passei por aqui
A minha luta
Foi exibir
Uma vontade fela-da-puta de ser americano

(E hoje olha os mano)

De ficar só no Arkansas
Esbórnia na Califórnia
Dias ruins em New Orleans
O grande mago em Chicago

Ter um rancho de éter no Texas
Uma plantation de maconha no Wyoming
Nada de axé Dodô e Curuzu
A verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul

Rock'n'me
Rock'n'you
Rock'n'roll
Rock'n'Raul

Hoje qualquer zé-mané
Qualquer caetano
Pode dizer
Que na Bahia
Meu Krig-Ha Bandolo
É puro ouro de tolo

(E o lobo bolo)

Mas minha alegria,
Minha ironia
É bem maior do que essa porcaria.
Ter um rancho de éter no Texas
Uma plantation de maconha no Wyoming
Nada de axé Dodô e Curuzu
A verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul

Rock'n'me
Rock'n'you
Rock'n'roll
Rock'n'Raul

De Raul para Caetano para Lobão (1. parte)


Garoto Enxaqueca diz:

E fazendo o exercício de se reciclar:

O digerido do deglutido do comido e seus desdobramentos: De Raul para Caetano para Lobão para Garoto Enxaqueca!!




Uma queixa que o roqueiro baiano Raul Seixas (1945-1989) sempre fazia ao amigo Marco Mazolla - produtor de seus sete primeiros discos solos - era que os "outros" baianos sempre o renegaram. Sua mágoa recaía sobre Caetano Veloso e Gilberto Gil, principalmente, expoentes do movimento tropicalista. Havia uma birra entre eles desde o começo da década de 1960, quando a turma de Raul fazia do Cinema Roma ponto de efervescência do rock proletário local e a de Caetano se concentrava no Teatro Vila Velha, para tocar bossa nova. Os grupos se conheciam e se antipatizavam. O tempo passou, os tropicalistas se serviram do rock, só que o rancor ficou. Mas o isolamento a que Raul foi submetido se estendia a um universo bem mais amplo. Trocando em miúdos, se fodeu.

segunda-feira, março 13, 2006

Garoto Enxaqueca diz um pouco mais pesaroso:



_ Então, você se perdeu de novo?

_ É, me perdi de novo.

_ É incrível, sempre se perde. Como você consegue se perder tão fácil?

_ Ora, é muito fácil, difícil é encontrar. Porque para acertar só tem um caminho, e para se perder tem todos os outros.
Garoto Enxaqueca diz pesaroso:

Silêncios
.
.
Há um silêncio de antes de abrir-se um telegrama urgente
Há um silêncio de um primeiro olhar de desejo
Há um silêncio trêmulo de teias ao apanhar uma mosca
... e o silêncio de uma lápide que ninguém lê.
.
.
Nova Antologia Poética, Mario Quintana pgs. 142, 163, 77.